sábado, 7 de maio de 2011

À janela de Georges D'Espagnat

Georges D' Espagna, Simone. ca. 1907

3 comentários:

Cláudia disse...

Diz-me tudo

Há uma regra inflexível no amor: o seu horizonte
tem a vastidão do mar, para lá do qual outros
horizontes se abrem se o muro, ao longo da
praia, não impuser os seus limites a quem
deseja a viagem. O espírito, porém, seguindo
um rumo platónico, voa sobre as ondas,
afastando-se da apressada respiração das marés;
e é no alto, onde se confundem nuvens e
gaivotas, que o olhar descobre a imensidão
do oceano para que o sentimento o empurra,
se não houver pela sua frente um porto,
ou uma ilha, que ponham fim à navegação.

Mas estas são apenas as convenções que
obrigam a imaginação; porque se o amor se
libertar das palavras que o oprimem, dando
ao corpo a mesma plenitude que se encontra
neste mar, está aberto o caminho para o abismo
em que o ser se dilui no puro espaço, onde
só o azul existe. Então, os dedos tocam
o teclado do infinito, e ouvir-se-á a música
dos murmúrios que nenhum ouvido recebe
se os sons da terra o magoam. E é como
se o dia durasse, para além do tempo e
das coisas da vida, até ao fim do mundo.

by Nuno Júdice

Isabel X disse...

A serenidade que emana de quem lê. No mundo, mas em casa. Do lado de fora da casa, mas em casa. Do lado de fora da janela, mas à janela.

- Isabel X -

Cláudia disse...

Almadén

Quais são caminhos?
de vosso querer
luzes do crer
moendas ou, moinhos...

Seria ler?
Nestes daninhos
flores, arminhos
há rosas de ver

Sereno é o ser
que afaga um viso
éter no Éden

saber paraíso
almadén
de florescer.