sábado, 26 de março de 2011

O tempo

Didier Éribon - A perspectiva de ficar para trás, ou mesmo esquecido, não o revolta?
Claude Lévi-Strauss - Seria uma infantilidade. Séculos de história e de ideias demonstram que esse é o destino comum.
D. E. - Mas ter realizado tanto trabalho...
C. L.-S. - Porque é que trabalhei tanto? Quando trabalho vivo momentos de angústia, mas quando não trabalho sinto um desgosto sombrio e a minha consciência atormenta-me. A vida de trabalho não é mais alegre que a outra, mas ao menos não se sente o tempo a passar.

Claude Lévi-Strauss, Didier Eribon, De Près et de Loin. Paris, Éditions Odile Jacob, 1988. p. 136.
Claude L.-S- e D. Eribon

1 comentário:

Isabel X disse...

Sem deixar de ser recompensa para uma vida de trabalho, a de não se sentir o tempo a passar parece-me escassa.

Os outros lembrarem ou esquecerem o trabalho realizado ao longo de uma vida não está sequer em causa por escapar inteiramente ao controlo do próprio.

O trabalho que cada um realiza responde a uma necessidade própria.

É uma espécie de destino ao qual não se pode fugir, sob pena de não se poder vir a ser quem se é (parece-me).

- Isabel X -