quarta-feira, 29 de julho de 2009

Open space

Varda ama as belas praias agrestes e sem sol da Bélgica. Entendo. Ela deambula num areal rigorosamente marcado, como um palco do teatro, por entre um complexo jogo de espelhos. Esconde os oitenta anos num olhar que se não deixa aprisionar e num corpo que ondula por baixo dos vestidos largos. Olha o mar de uma janela imaginária como no quadro que Dali pintou aos 23 anos. Aproxima-se de nós, os pés nus, para falar de uma vida que se entrelaça com o cinema. E depois, como num sonho exótico de criança, traz a praia até à sua própria rua e nela talha um espaço desenhado como um open space, com telefones, computadores, secretárias, gente a trabalhar. O cinema ganhou também a cidade.

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