sábado, 14 de março de 2009

FS esta Sexta na "Molde"

João
Vou-te enviar algumas fotografias desta Sexta na “Molde”. Mano a atacar nelas, nas peças, à "facada" (dito por ele, eu tinha dito intervenção cirúrgica), mas também com muitas festas pelo meio (nelas, nas peças).
O mesmo espanto, o meu, de o ver há anos a desenhar com caneta os desenhos da “Leda e do Cisne”, sem praticamente levantar o aparo, e aqui a mesma precisão de corte, sem hesitações (mas com excitações), aplicando os fragmentos excedentários como adereços femininos, todas as mulheres de olhos muitos espantados e pestanudos. São máscaras também, convidam-nos a espreitar, ou será que são elas que nos espreitam?
Aqui é como que uma pega de caras, olha-se de frente o bicho e vá de agarrá-lo pelos cornos, salvo seja.
Muito ele queria que tu lá fosses ver as novas peças, por isso liguei, não fosses tu andares por aí sem nada para fazer...
São ao todo 29 peças, com três moldes distintos por base. Hoje durante a manhã "atacou" e terminou 3, as últimas. Agora aguardam secadura para não estalarem na cozedura.
Ferreira da Silva, ao rever as fotografias de Monsaraz recordou aquele momento feliz e repetia várias vezes: o que eu gostei quando os vi chegar. Os "os" erámos nós! Apetecia-lhe voltar a trabalhar no “Velhinho”, para agora, a par da produção fabril (molde de base) haver a intervenção novamente do oleiro.
Gostei de ver o Sr. Almerindo, “ajudante de campo” do Ferreira da Silva, todo contente com a colaboração. E vendo que eu fotografava tudo o que mexia e não mexia, já no fim sugeriu-me que fotografasse os moldes abertos.
A cabeça de FS não pára. Fomos falando de arte, da cerâmica na arte, do Barceló de que ambos gostamos, da escala e de música.
Almoçámos borrego a lembrar paladares alentejanos.
Deixa-me que te diga que as condições de luz eram tão boas, uma luz coada, que por momentos pensei que estaria no Estúdio Relvas, só com a diferença do décor.
Bjs.
Margarida

3 comentários:

Anónimo disse...

Mas que entusiasmo e genuidade transmite este texto! Consigo "ver" o ataque às peças com a precisão da mão de um Mestre, a beleza da luz...coada..
Ah...e o aroma do borrego...que delícia!

MV

Anónimo disse...

Palavras cintilantes as que a Margarida usa para descrever o acto criativo de Ferreira da Silva a que assiste (participa?), com apelos que vão da linguagem do amor à da morte,da tauromaquia, da guerra, tudo perpassado de grande cumplicidade e sincero entusiasmo! Notável!
-Isabel X -

João Ramos Franco disse...

Todo o teu texto me transpota no tempo e recordo o Ferreira da Silva quando o conheci.
João Ramos Franco