quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Reformar a escola pública

Recebi do Professor Paulo Prudêncio, comentador regular deste blog e autor do blog Correntes a seguinte mensagem:

Respeito e compreendo a sua decisão de fechar o debate na entrada anterior sobre a escola pública. Depois de ler esta nova entrada, fui reler os comentários da entrada anterior; estabeleceu-se uma interessante polémica que ajuda o cerne desta discussão: o futuro da escola pública em Portugal. O João imagina como isso é importante para o combate que estamos decididos a travar. Sei que muitos dos intervenientes nestas discussões não gostam que se use o plural: naturalmente que conhecem professores a quem não reconhecem grande profissionalidade. Sei que o que vou escrever a seguir é demasiado, mas que seja: esses não estão na luta; estão, quando muito, nas manifestações onde se podem resguardar no meio de mais de uma centena de milhar de professores.
Há uma questão, no meio de muitas outras claro, que ficou no ar: uma escola só se reforma de fora para dentro. Não concordo, mas não concordo mesmo, com esta asserção: não cabe neste espaço a discussão, mas se alguém estiver interessado no assunto estou completamente disponível para esse importante debate.

Paulo Prudêncio

3 comentários:

João Ramos Franco disse...

Nas suas palavras e que passo a transcrever há uma questão que merece a minha atenção: Sei que muitos dos intervenientes nestas discussões não gostam que se use o plural: naturalmente que conhecem professores a quem não reconhecem grande profissionalidade. …. esses não estão na luta; estão, quando muito, nas manifestações onde se podem resguardar no meio de mais de uma centena de milhar de professores.
Retiro destas palavras um problema, do qual têm conhecimento, mas de apenas diz, “esses não estão na luta”. Na sua luta não estão é uma realidade. Mas estão na “Escola Publica”, a estragar, a utilizar-se, distorcendo-a e aproveitando-a para objectivos que não são os seus… Sabe a que me refiro…
Passei pela Escola Pública (há 60 anos), mas sei que a frequentei porque o meu pai estava de acordo que a educação de um jovem passava pelo convívio com os outros estratos sociais que a frequentavam.
Este facto é uma imagem que tenho presente, o desde muito novo me ter sido apontado o caminho para saber estar na Sociedade e aprender a compreendê-la.
João Ramos Franco

Anónimo disse...

Viva, boa-noite.

Agradeço ao João Serra o facto de ter transformado um meu comentário num post.

Nesse comentário retribuo ao João Ramos Franco o abraço que me significou. Disse mais algumas coisas que podem ser lidas na entrada que o João resolveu fechar aos comentários.

Pesei bem as palavras quando afirmei aquilo que o João Ramos Franco salientou. O que afirmei é um dos argumentos mais usados por aqueles que entendem que os professores não têm razão para desenvolver esta longa luta. E mesmo assim usei-o. Mas esse argumento não é inteiramente justo: qual é a profissão onde isso não acontece? Tenho a forte e sincera convicção que a grande maioria dos professores são esforçados profissionais; faço o que posso para me incluir nesse grupo mas raramente aponto o dedo a quem quer que seja. Todavia, e nesta altura da luta em que as coisas começam a doer, tenho tentado fazer o que me é possível para separar as águas. Sei que isso me pode trazer alguns amargos de boca, mas faço-o com a mesma convicção de sempre: lutar pela defesa da escola pública. E digo-o com toda a franqueza: quando o João Ramos Franco diz: "Mas estão na “Escola Publica”, a estragar, a utilizar-se, distorcendo-a e aproveitando-a para objectivos que não são os seus… Sabe a que me refiro…" eu digo-lhe: suspeito apenas. Pode crer: nesta luta, aquilo que ambos suspeitamos, representa muito pouco; quase nada.

Receio que se continuarmos por este caminho, os filhos das famílias mais desfavorecidas jamais terão a oportunidade de frequentar as nossas universidades e uma grande percentagem dos estudantes não terá um mínimo contacto com os saberes das áreas das humanidades: a história, a filosofia e a literatura, por exemplo. Podemos afirmar que se trata de um problema civilizacional.
Há textos muito interessantes sobre esta matéria.

Receba um abraço do Paulo Prudêncio.

Anónimo disse...

O que ressalta, depois destes meses de turbulência, é que os verdadeiros problemas da Escola Pública com qualidade para todos, está completamente descentrada e desfocalizada.Talvez a intenção, consciente ou inconsciente tenha sido essa, talvez!, na realidade só falta mesmo surgir o D. Sebastião da Educação, o que virá salvar a Educação.
A questão que deveriamos estar a discutir e a implementar era a da Escola Pública que queremos para a próxima década.
Esse é que deveria ser o grande debate nacional a empreender.
Jorge Sampaio soube indicar o caminho, pena foi que quase ninguém o tenha entendido.Pena para a Escola Pública, pena para o país.
NB