sábado, 8 de novembro de 2008

O regresso da palavra

Obama restaurou a política como exercício da palavra. Há aqui um regresso ao espaço público enquanto espaço de vida colectiva, onde as regras essenciais assentam no princípio da persuasão. Neste sentido, Obama trouxe de volta as inovações oratórias dos anos 60: um discurso não é a leitura de um documento, mas um exercício de apresentação de um responsável político perante os seus concidadãos. Importa que os seus argumentos sejam o resultado de uma análise de situação sem temor de revelar o sentimento. O dirigente expõe-se quando expõe, não se esconde por detrás de um papel ou de um teleponto. Numa época em que o espaço público foi ocupado pelo espaço mediático e tende a confundir-se com ele, o exercício de Obama coloca de novo a política no seu território mais exaltante. O território onde a voz clara combina prosa e poesia, o nós com o eu, e o político convoca os cidadãos para lhes dizer olhos nos olhos o que sonha e quer.

2 comentários:

João Ramos Franco disse...

Concordo com com teu texto sobre Obama,mas temo que o poder económico tenha efeitos negativos sobre a esperança que ele nos fransmite.
João Ramos Franco

Anónimo disse...

Pois olhe, por mim, envio-lhe daqui um BELO CRAVO ENCARNADO!!!