segunda-feira, 10 de novembro de 2008

1º Centenário da Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro Lda

A inauguração da Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro L.da teve lugar a 5 de Novembro de 2008. Passou pois na passada Quarta-feira, o primeiro centenário desta empresa emblemática da cerâmica caldense.
Para situar a fundação desta nova manufactura é preciso recuar a Janeiro (23) de 1905, à data da morte de Rafael Bordalo Pinheiro. Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro, filho de Rafael, tomou conta dos destinos da unidade que seu pai dirigira desde 1884, denominada Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha. A sucessão foi considerada natural. Manuel Gustavo há muito que colaborava com seu pai, nomeadamente na actividade gráfica. Sucedia porém que sobre a Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha impendia uma velha hipoteca, no valor de 18 contos, contraída em 1889 junto de uma Sociedade que mais tarde a cedera ao Banco de Portugal. Em finais de 1906, decidiu este banco executar a dívida. Em Fevereiro de 1907, é realizado o auto de penhora, sendo apreendido o prédio da Fábrica. Em seguida, procedeu-se à sua venda em hasta pública, o que só veio a ser concluido a 12 de Janeiro de 1908, na 3ª hasta. Adquiriu a Fábrica de Faianças um investidor originário de Reguengos de Monsaraz, Manuel Augusto Godinho Leal, sogro de um médico do Hospital Termal das Caldas, Manuel António Martins Pereira. Godinho Leal era já proprietário de uma extensa área confinante com os terrenos da Fábrica de Faianças. Entre o novo proprietário da Fábrica e o filho e a viuva (Elvira Bordalo Pinheiro) de Rafael estalou de imediato um diferendo litigioso. Em causa estava a posse dos modelos e moldes, utensílios diversos, objectos e louças, livros, desenhos, ou seja o recheio dos edifícios. Os Bordalo Pinheiro entendiam que a hipoteca só abrangia o imóvel, pertencendo-lhes todos os bens móveis da empresa. Com esta questão entregue à justiça, Manuel Gustavo, com o apoio da sua mãe, requereu, a 24 de Fevereiro de 1908, autorização para montar uma nova oficina de cerâmica numa propriedade denominada "San Rafael".  Esta propriedade, localizada nas imediações da Fábrica de Faianças, estava registada em nome de Helena Bordalo Pinheiro, também filha de Rafael. Manuel Gustavo dedicou a segunda metade do ano a organizar a nova unidade, a recrutar pessoal e a trabalhar em novos modelos. Para tal, contou com o apoio do Visconde de Sacavém, que colocou à sua disposição o Atelier Cerâmico que funcionava junto do seu palacete (hoje Museu de Cerâmica), distante, aliás, poucos metros de "San Rafael". A instalação concluiu-se em 5 de Novembro de 1908. A nova fábrica, ostentando na denominação o nome da família, Bordalo Pinheiro, foi durante muito tempo também conhecida por Fábrica "San Rafael".

Fotografia dos trabalhadores da Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro, Lda. Manuel Gustavo está sentado, ao centro da primeira fila, atrás dos 3 aprendizes.

Sem comentários: